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Cresce o nível de incerteza econômica no Brasil, segundo dados da FGV-IBRE. O Indicador de Incerteza da Economia (IIE-BR) subiu 2,7 pontos em abril, atingindo 106,5 pontos, influenciado pelas contas públicas e pelo cenário externo. Em especial, por causa dos conflitos no Oriente Médio e dúvidas relacionadas à economia norte-americana. Na contramão, o índice de expectativa recuou 4,3 pontos para 90,8, seu menor nível desde fevereiro de 2015, contribuindo negativamente para IIE-BR.
A Plataforma Setor Moveleiro tem acompanhado de perto o cenário atual da indústria moveleira. Observamos que, tanto a indústria quanto o varejo enfrentam desafios significativos para manter sua competitividade. Assim, com o aumento dos custos de matéria-prima e a pressão por manter preços acessíveis, as empresas do setor estão buscando estratégias para se adaptar a esse novo panorama. Por isso, o Giro pelos Polos conversou com os presidentes de sindicatos para discutir as estratégias em curso e as perspectivas do setor.
Perspectivas em meio à incerteza econômica no Brasil
“A retração do mercado se deu por falta de capacidade de compra por parte dos consumidores finais, quer seja pelas altas taxas de juros impostas pelo governo como forma de conter inflação (a meu ver, equivocadamente, pois os preços caem toda vez que há oferta de produtos no mercado e não por escassez, escassez essa provocada por altos custos da produção que quebram o fluxo de circulação de mercadorias), somando-se às restrições de crédito no mercado”, explica Aureo Barbosa, presidente do INTERSIND (Ubá/MG).
“Milagres de suportar aumentos de custos sem repassar para o preço na ponta é coisa impossível. Reinventar produtos, inovar e reduzir custos é algo que a indústria sempre fez e sempre faz. O grande problema que enfrentamos é a queda do poder de compra por parte dos consumidores na ponta. Tempos difíceis estamos vivendo.”
“O grande problema que enfrentamos é a queda do poder de compra por parte dos consumidores na ponta.”
Aureo Barbosa, presidente do INTERSIND (Ubá/MG)
Estratégias diante do aumento dos custos de matéria-prima
Para Vitor Guidini, presidente do SINDIMOL (Linhares/ES), lidar com o aumento dos custos de matéria-prima e outros insumos é de fato um desafio significativo para a indústria moveleira. “Afinal, com todas incertezas que o mercado está demonstrando neste ano, temos que realmente olhar para dentro, considerando negociações, fornecedores, estoques, produção e produtividade, buscando sempre otimizações e sendo cada vez mais eficientes”, afirma.
Diante do cenário de aumento de custos, Vitor Guidini lista algumas estratégias fundamentais. São ações que a indústria moveleira pode adotar para se manter competitiva, sem comprometer sua margem de lucro, por exemplo:
- Otimização de Processos e Eficiência Energética: É fundamental buscar maneiras de otimizar os processos de produção para reduzir o consumo de energia. Isso pode ajudar a minimizar os custos operacionais.
- Diversificação de Fornecedores: Buscar fornecedores alternativos de matéria-prima e insumos pode ajudar a encontrar opções mais acessíveis em termos de preço.
- Negociação de Contratos:Renegociar contratos com fornecedores em busca de melhores condições de pagamento e preços mais competitivos pode ser uma estratégia eficaz.
- Investimento em Tecnologia:Investir em tecnologia para aumentar a produtividade e reduzir desperdícios pode ajudar a compensar os aumentos de custos.
- Revisão de Preços e Margens:É essencial avaliar periodicamente os preços dos produtos e ajustar as margens de lucro de acordo com as mudanças nos custos. Dessa forma, é possível garantir a sustentabilidade financeira da empresa.
- Desenvolvimento e Design:As empresas nunca podem parar de buscar diferenciar os seus produtos e serviços. Ademais, devem identificar o mercado que desejam atuar e buscar sua fatia, pela diferenciação, inovação e demais.
Diálogo aberto e transparente com a equipe
Com relação a mão de obra e os desafios relacionados ao dissídio de maio e à questão salarial dos colaboradores, o presidente do SINDIMOL, destaca a importância “manter um diálogo aberto e transparente com a equipe, explicando a situação financeira da empresa e o mercado que o mesmo está inserido, buscando encontrar soluções que sejam justas para ambas as partes”.
“No varejo, lidar com a dificuldade dos consumidores em arcar com os custos dos produtos pode envolver estratégias como oferecer opções de pagamento flexíveis, descontos especiais e promoções atrativas”, sugere Vitor Guidini. Assim, ele acredita que as indústrias devem buscar constantemente alinhar as melhores opções com seus parceiros, visando aumentar as vendas.
“A principal ação que as indústrias devem tomar como base é olhar efetivamente para dentro”.
Vitor Guidini, presidente do SINDIMOL (Linhares/ES)
Equilibrando os aumentos de custos e a demanda no varejo
Para equilibrar a necessidade de repassar os aumentos de custos para os produtos finais sem comprometer a demanda no varejo, uma abordagem pode ser realizar ajustes graduais nos preços. Vitor Guidini, considera importante comunicar de forma transparente os motivos por trás desses aumentos, destacando o valor agregado dos produtos. Além disso, ele sugere investir em marketing e branding para fortalecer a imagem da marca. Dessa forma, diferenciar os produtos no mercado também pode ajudar a mitigar possíveis impactos negativos nas vendas.
“A principal ação que as indústrias devem tomar como base é olhar efetivamente para dentro, sua produção, sua equipe, seus estoques buscando sempre a maior eficiência nos processos”, acredita Vitor Guidini.
Desafios da indústria moveleira: a tempestade dos custos
O presidente do SIMA (Arapongas/PR), José Lopes Aquino, descreve o atual momento como delicado para a indústria moveleira. A elevação de “custos fixos” pós-pandemia teve um impacto significativo nos resultados das empresas. Além disso, a falta de mão-de-obra tem sido outro fator desestabilizador dos custos.
“Somando agora a elevação do dólar, fretes marítimos e rodoviários, energia elétrica, entre outros insumos, e neste momento, aumento de preços de diversas matérias-primas, inclusive o MDP e MDF, estamos com a ‘tempestade perfeita’. Chegamos ‘ao fundo do poço’. Algo precisa ser feito para reequilibrar nossas operações minimamente. Precisamos urgentemente ajustar as nossas margens operacionais para sobreviver, dando-nos, pelo menos, a condição de não sucatear nossas indústrias, o que, se ocorrer, poderá gerar desabastecimento no futuro próximo”, afirma.
Estratégias de otimização da operação
Ele destaca que empresas como a Colibri, têm buscado otimizar todas as frentes da operação ao longo dos últimos anos. Desde a indústria até o setor administrativo, comercial, logístico, fontes de energia e serviços de terceiros. “A negociação com fornecedores também foi constante. Vamos continuar nessa missão, porém as alternativas de otimização praticamente se esgotaram!”
“Temos agido em todas as frentes possíveis. Continuar investindo em tecnologia de processos e de relacionamento com o mercado é fundamental para a nossa sobrevivência”, relata.
“Algo precisa ser feito para reequilibrar nossas operações minimamente.”
José Lopes Aquino, presidente do SIMA (Arapongas/PR)
José Aquino relata que a elevação dos salários tem sido constante devido à escassez de mão-de-obra, especialmente a que exige melhor qualificação. Neste mês de maio, haverá novo reajuste devido à convenção coletiva de trabalho, que, pelas circunstâncias, ficará acima do INPC, como já vem ocorrendo nos últimos anos. “Investir na qualificação de mão-de-obra tem sido necessário para minimizar o problema, visando a continuidade de nossas operações. É fundamental mantermos as condições de atendimento do nosso cliente lojista e oferecer aos consumidores, cada vez mais exigentes, produtos e serviços adequados.”
Adaptação do varejo e investimentos em tecnologia
O desafio é compartilhado por todos. O varejo tem buscado diversificar seus canais de vendas, com destaque para o ambiente “online”. Isto por que aproxima as operações do consumidor com menor custo, especialmente os consumidores mais jovens. “A tecnologia tem sido um aliado importante neste momento, ampliando fronteiras sem a necessidade de elevar custos com implantação de unidades físicas. Creio que esse é um caminho sem volta!”
“Como dito anteriormente, otimizar e modernizar a operação tem sido um trabalho constante nestes últimos anos, porém chegamos ao limite. Com esta atual contínua elevação de custos operacionais e agora com os reajustes dos insumos e matérias-primas, resta-nos repassar aos preços de nossos produtos essa ‘defasagem’. Recompor minimamente as ‘margens’ se tornou condicionante de ‘sobrevivência’ de nossas indústrias. Reajustar preços se tornou inevitável!”
Equilibrando os custos de produção e preços finais
O presidente do SINDIMOV-MG, Mauricio de Souza Lima, que também é proprietário da Madriart Móveis, afirma que, para tentar manter um valor competitivo, estão procurando melhorar a forma de comprar. “Negociamos com os fornecedores uma condição de pagamento onde possamos manter uma margem aceitável, às vezes até com pagamentos antecipados”, disse.
Ele considera crucial a redução do custo de produção com melhores processos e melhor aparelhamento da indústria. “Precisamos rever todos os processos de produção e sanar os pontos onde temos tempo e mão de obra perdidos e ao mesmo tempo reduzir ao máximo qualquer retrabalho.”
Em relação aos colaboradores, disse que “com as dificuldades de mão de obra especializada, estamos formando nossa equipe dentro da própria empresa, readequando os setores e até diminuindo o quadro com melhores processos que facilitam a produtividade”.
“O consumidor está vendo móveis como não essencial”, Mauricio de Souza Lima, presidente do SINDIMOV-MG.
Investimento em marketing para competitividade
Atualmente, considera importantíssimo focar em marketing e atrativos para convencer o consumidor da qualidade e necessidade de uso dos produtos. “O consumidor está vendo móveis como não essencial, muito diferente do período de pandemia, onde o consumidor trabalhando em casa via móveis como essenciais.”
Sobre as estratégias adotadas pelas empresas para equilibrar a necessidade de repassar os aumentos de custos para os produtos finais sem comprometer a demanda no varejo, ele sugere que “a opção é cortar custos em outros pontos e tentar repassar o mínimo de aumento de custos para os produtos finais, sem comprometer a demanda nem as finanças da empresa.”
A plataforma agradece a participação dos sindicatos em mais um Giro pelos Polos.