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Gestão de pessoas como estratégia

vantagem competitiva no chão de fábrica

O chamado “apagão” de mão de obra qualificada tem pressionado a indústria brasileira, sobretudo em regiões fabris. Com fábricas operando em ritmo acelerado, mas encontrando dificuldades para preencher e reter postos técnicos e operacionais, a preocupação com a gestão de pessoas passou a ocupar o centro das estratégias industriais. O problema, que antes parecia pontual, tornou-se estrutural. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), 83% das empresas relataram, em 2023, dificuldades para encontrar trabalhadores qualificados, o que mostra um salto significativo em relação aos anos anteriores.

Nesse cenário, empresas de diferentes portes têm adotado soluções variadas para qualificar, engajar e reter sua força de trabalho, mesmo diante da alta rotatividade e da pressão por produtividade. Iniciativas regionais, como o programa AMPLIA em Santa Catarina, além de projetos liderados por SESI e SENAI, reforçam o papel da educação profissional e do ambiente de trabalho humanizado na construção de um setor industrial mais competitivo e sustentável. Assim, a gestão de pessoas deixa de ser uma função secundária e se torna peça-chave na estratégia de crescimento.

Nesta matéria você vai entender os desafios e as soluções da indústria brasileira para enfrentar a falta de mão de obra qualificada. Vai conhecer estratégias de treinamento e retenção no chão de fábrica, entender o papel da cultura organizacional e das lideranças e refletir sobre o equilíbrio entre produtividade e desenvolvimento humano. Ainda mais:

  1. Como a gestão de pessoas pode ajudar a combater o “apagão” de mão de obra atualmente?
  2. Quais estratégias estão sendo usadas para reter talentos no chão de fábrica?
  3. Como programas de capacitação impactam a produtividade e o engajamento?
  4. É possível equilibrar produtividade imediata com investimentos em qualificação?
  5. Que mudanças culturais tornam a indústria mais atrativa para novos trabalhadores?

O apagão de mão de obra e a necessidade urgente de ação

A escassez de profissionais qualificados no setor industrial não é uma novidade, mas os sinais de agravamento têm sido cada vez mais visíveis. De acordo com o Mapa do Trabalho Industrial 2023–2025, elaborado pelo SENAI, serão necessários 9,6 milhões de trabalhadores qualificados no Brasil até 2025. O déficit afeta diretamente a eficiência das operações, a qualidade dos produtos e a competitividade do setor no mercado global.

Diante desse desafio, a gestão de pessoas passou a ser tratada com mais seriedade. Daren de Vargas Basso de Souza, gerente executiva do SESI/SENAI Planalto Norte e Vale do Itapocu, destaca a importância da articulação entre setor produtivo, educação e políticas públicas. Segundo ela, “o programa AMPLIA, na região de São Bento do Sul, busca atrair e reter colaboradores por meio da capacitação técnica, elevação da escolaridade e valorização da carreira na indústria”. A iniciativa também aposta na aproximação com escolas, na aprendizagem industrial e no estímulo à inovação entre jovens.

De acordo com Daren de Vargas Basso de Souza, do SESI/SENAI Planalto Norte, enfrentar o apagão de mão de obra exige articulação entre indústria, educação e comunidade.

Gestão de pessoas e qualificação contínua: pilares da retenção

A retenção de talentos no chão de fábrica depende diretamente de políticas consistentes de capacitação. Empresas que investem em qualificação colhem resultados claros: menor turnover, mais engajamento e maior produtividade. A CNI mostra que companhias que promovem educação corporativa têm 22% menos rotatividade e 17% mais produtividade por colaborador, em média.

Para Daren, os programas de formação profissional são decisivos: “Cursos técnicos no setor de madeira e mobiliário promovem desenvolvimento prático, preservam tradições produtivas e atraem jovens para a indústria.” Ela também destaca o papel da Educação de Jovens e Adultos (EJA) como uma ponte para a inclusão produtiva. Ao permitir a conclusão da escolaridade básica junto da formação técnica, a EJA contribui para a autoestima dos trabalhadores e fortalece o vínculo com a empresa.

Produtividade imediata vs. qualificação de longo prazo: é possível equilibrar?

A pressão por resultados rápidos muitas vezes inibe investimentos em formação. Contudo, a lógica do curto prazo pode sair cara. Empresas que enxergam a capacitação como custo acabam presas em ciclos de alta rotatividade e retrabalho. O segredo está em conciliar ações de impacto imediato com visão estratégica de longo prazo.

“É possível equilibrar produtividade e qualificação desde que haja planejamento e metas claras”, afirma Daren. Ela sugere treinamentos curtos, com aplicação direta no trabalho, e formação de multiplicadores internos. Gilberto Teixeira Coelho, diretor da Sallêto Móveis, complementa: “Automatizar processos e investir na melhoria do ambiente de trabalho reduz a pressão e aumenta a motivação.” Assim, formar é também uma maneira inteligente de produzir mais e melhor.

De acordo com Daren de Vargas Basso de Souza, do SESI/SENAI Planalto Norte, enfrentar o apagão de mão de obra exige articulação entre indústria, educação e comunidade.

A fábrica como espaço de crescimento e propósito

A transformação do ambiente fabril em um espaço mais humano e atrativo é outro fator-chave na retenção. Mais do que salário ou benefícios, os trabalhadores hoje buscam propósito, reconhecimento e possibilidades reais de evolução profissional. A mudança começa na liderança, que precisa adotar uma postura mais próxima e estratégica.

Sandra Fürst, engenheira de produção e coordenadora do Instituto SENAI de Tecnologia em Madeira e Mobiliário, defende a ressignificação do chão de fábrica: “Gestores precisam motivar e respeitar. Precisamos mostrar que o setor oferece oportunidades de carreira e desenvolvimento.” Já Gilberto destaca o impacto da cultura organizacional: “Valorizamos o engajamento desde a seleção, alinhando perfil e valores, e promovemos qualidade de vida, participação e pertencimento.”

Sandra Fürst, do Instituto SENAI de Tecnologia em Madeira e Mobiliário, defende que o chão de fábrica deve ser um espaço de crescimento, não só de produção.

Ações conjuntas: um ecossistema para sustentar talentos

Sozinhas, as indústrias podem até implementar boas práticas, mas sua sustentabilidade depende de alianças estratégicas. Parcerias com instituições como SESI e SENAI, prefeituras, sindicatos e escolas fortalecem os vínculos entre empresas e comunidades e ampliam a percepção de valor do setor industrial.

No programa AMPLIA, por exemplo, os jovens participam de desafios de inovação promovidos por empresas locais. As ações de marketing voltadas à valorização do setor e os projetos de iniciação profissional também colaboram para despertar o interesse pelas carreiras industriais. “Construímos um ecossistema que forma, engaja e retém, olhando para o futuro da indústria com responsabilidade social e visão estratégica”, conclui Daren.

Gestão de pessoas como diferencial competitivo

A escassez de mão de obra qualificada continuará a desafiar o setor industrial nos próximos anos. Contudo, as empresas que souberem transformar esse desafio em oportunidade, investindo de forma planejada na gestão de pessoas, sairão à frente. Ao valorizar o colaborador desde o processo seletivo até a formação contínua, cria-se um ciclo virtuoso de produtividade e pertencimento.

Afinal, não se trata apenas de preencher vagas, mas de construir trajetórias, desenvolver talentos e consolidar culturas organizacionais que sustentem o crescimento. Como sintetiza Sandra: “As empresas que enxergam o colaborador além do crachá são as que realmente constroem o futuro da indústria brasileira.”

Fonte: Site Setor Moveleiro

Postado em 21/07/2025