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Dia Internacional da Mulher

Dia Internacional da Mulher – Conheça a verdadeira história do 8 de março

 

Você certamente já ouviu falar, em algum momento de sua vida, que o Dia Internacional da Mulher surgiu como uma homenagem às 129 operárias estadunidenses que morreram carbonizadas, vítimas de um incêndio intencional, no dia 8 de março de 1957, na cidade de Nova York.

Essa versão circula na mente do senso comum, desde então.

Segundo a história, o crime ocorreu em caráter de retaliação a uma série de greves e questionamentos das trabalhadoras. Mas embora essa narrativa seja a mais conhecida, quando se fala na origem da data comemorativa, podemos afirmar que ela simplesmente não é real.

Mas afinal, qual é a verdadeira história?

O Incêndio na fábrica estadunidense é apenas uma das origens do 8 de março

Segundo fatos históricos, a origem do 8 de março não pode estar relacionada a apenas um evento, mas sim a um conjunto deles. Outros registros na história do Brasil e do mundo também são fortes indícios e referências importantes, quando o assunto é o Dia Internacional da Mulher.

A reivindicação feminina atravessou décadas e segue como um tema sensível até dias atuais, pois engloba inúmeros direitos que ainda não são respeitados.

A linha do tempo diz muito sobre o movimento das mulheres

Ainda em 1909, também em Nova York, cerca de 15 mil mulheres fizeram uma grande passeata, onde todas marcharam pelas principais ruas da cidade, reivindicando melhores condições de trabalho. Naquela época, era comum as empresas estipularem jornadas que chegavam a 16 horas diárias, durante 6 dias na semana ou mesmo sem folga aos domingos.

No ano seguinte, outros movimentos similares ganharam espaço e notoriedade. Em Copenhague, um outro exemplo remete à alemã Clara Zetkin, que propôs a criação de uma jornada de manifestações, durante a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas.

Clara fazia parte do Partido Comunista Alemão e se posicionou por meio de declarações na Internacional Socialista, levantando a proposta de que o movimento sindical e socialista respeitasse e acolhesse problemas vivenciados pelas mulheres e seus direitos. Afinal, o que as mulheres sofriam naquela época era muito mais severo, quando comparado aos homens, no que se refere a questões trabalhistas.

A partir dali, o Dia Internacional da Mulher passou a  ser celebrado oficialmente no dia 19 de março. No entanto, em 1913, as americanas protestaram mais uma vez, agora exigindo direito ao voto, mas sem abandonar os protestos visando melhores condições de trabalho.

Poucos anos mais tarde, em 1917, um grupo de milhares de mulheres russas, operárias do setor de tecelagem, também se manifestaram contra a fome e a Primeira Guerra Mundial. Todas se uniram para pedir a ajuda de operários do setor de metalurgia e realizaram uma greve que muitos historiadores consideram, até hoje, como sendo o ponto de partida, tanto para a Revolução Russa, que teve início no mesmo ano, quanto para difundir o Dia da Mulher ao redor do mundo.

Nesse momento agitado da história que a monarquia czarista foi, finalmente, derrubada. A data entrou para os livros como um grande feito das mulheres operárias.

Respeito, reconhecimento e valorização

Nada é por acaso. Mesmo em 2022, ainda estamos imersos em uma cultura desigual, principalmente quando o assunto é a remuneração entre homens e mulheres. Além dessa, várias outras questões estão em debate nas organizações, instituições e grupos ativos de mulheres, no dia 8 de março.

Anualmente, em diversas cidades brasileiras, vemos uma série de protestos contra e a favor da criminalização do aborto, machismo, feminicídio e outros tipos de violência explícita e crescente contra a mulher. Essa realidade não se restringe apenas ao Brasil, já que ao redor do mundo, o 8 de março é lembrado e celebrado de diversas maneiras.

Diante disso, é possível dizer que tudo aquilo que aconteceu na Europa e Estados Unidos teve extrema importância e impacto inestimável para que o 8 de março seja lembrado como Dia Internacional da Mulher.

Infelizmente, a origem dessa luta se deu por meio de várias tragédias, que foram necessárias para que a evolução pudesse atravessar décadas, engajando mulheres poderosas a buscar respeito, reconhecimento e valorização em todas as esferas sociais. É por essa razão que as ações em torno do 8 de março se justificam, seja no seio do convívio afetivo, social, familiar, além de todas as questões trabalhistas.

Conheça alguns dados atuais a respeito da mulheres na sociedade

  • Salário inferiores aos dos homens

Não é novidade que a mulher ainda enfrenta uma grande desigualdade no mercado de trabalho, em relação aos salários. Mesmo atuando nas mesmas funções, muitas ainda recebem, em média, 20% a menos.

Já entre as mulheres brancas e negras, a diferença salarial pode chegar a 71%.

  • Menor presença no mercado de trabalho

A presença no mercado de trabalho também é inferior à dos homens. Uma pesquisa de 2018 apontou que apenas 48% das mulheres maiores de 15 anos estão empregadas, e isso a nível mundial.

Enquanto isso, 75% dos homens estavam trabalhando no mesmo ano.

  • Preconceito entre os homens 

Um dado estarrecedor. Pelo menos 70% dos homens ainda afirmam que as mulheres preferem ficar em casa, cuidado de serviços domésticos, do que trabalhar fora.

  • Feminicídio

Mulheres negras ainda são as maiores vítimas de feminicídio no Brasil. Uma pesquisa feita pela Coordenadoria Estadual das Mulheres em situação de violência Doméstica e Familiar (CEVID), publicada em janeiro deste ano, apontou uma realidade já conhecida dos Brasileiros: a maior parte dos crimes de feminicídio são cometidos por companheiros ou ex-companheiros que não se conformam com o fim do relacionamento, e geralmente acontecem na casa da vítima.

No Brasil acontece um estupro a cada 10 minutos e 1 feminicídio a cada 7 horas. Só em 2021 o número de estupros chegou a 56.098 casos.

  • Gravidez prejudicada

Inúmeras mulheres ainda sofrem grandes prejuízos no mercado de trabalho por conta da gravidez. Cerca de 30% delas acabam abandonando suas posições de trabalho para cuidar dos filhos. Em contrapartida, apenas 7% dos homens pedem demissão pelo mesmo motivo.

  • Desigualdade

Apenas 5,2% das mulheres negras conseguem alcançar o ensino superior no Brasil e 18,2% das mulheres brancas. Além disso, são as maiores vítimas de violência, abandono, assédio moral e assédio sexual.

  • Assédio no transporte público

O transporte público é o local onde as mulheres sentem maior risco de assédio, por parte dos homens. Um estudo feito na cidade de São Paulo apontou que 46% delas carregam diariamente esse medo.

Além disso, 63% das entrevistadas afirmaram já ter sofrido algum tipo de assédio dentro do transporte público.

Como a exploração da mulher teve papel fundamental na formação do capitalismo?

Para muitos especialistas, desde sempre a divisão sexual do trabalho teve a função de garantir a dominação dos homens na sociedade, ultrapassando fatores econômicos e trabalhistas.

Por isso, fica claro que a data 8 de março até hoje representa a luta das mulheres trabalhadoras contra seus patrões, reconhecendo assim que o capitalismo industrial foi estruturado na subordinação das mulheres, que em pleno 2022 ainda têm muitos de seus direitos negados ou subestimados.

Para finalizar, um retorno às origens

A cada ano, o Dia Internacional da Mulher traz à tona inúmeros questionamentos a respeito da hipocrisia em torno das homenagens que elas recebem apenas nesta data. Quando enxergamos que todos os dias do ano o gênero feminino é o principal alvo de desigualdade e da violência, entendemos que é preciso fazer muito mais do que homenagens.

Por isso, inúmeras mulheres em todo o mundo se organizam para defender seus direitos. Lá em 2017 e 2018, muitas trabalharam na organização de uma greve internacional, aderida por 40 países, onde apresentavam o lema “Se nossas vidas não importam, que produzam sem nós”.

O importante aqui é trabalhar no resgate da verdadeira origem do Dia Internacional da Mulher, pois foram as proletárias que deram início a esse avanço, por meio de medidas concretas para destruir os pilares que sustentam até hoje a opressão feminina.

Hoje, mais do que nunca, precisamos atuar nessa luta para que as organizações tenham mulheres à frente de cargos relevantes e importantes, deixando claro que estão na vanguarda, inclusive em meio à classe operária.

Precisamos entender, de uma vez por todas, que o capitalismo é uma prisão, por isso precisamos lutar por uma sociedade igualitária e livre de opressão.

Fonte: Blog Fácil Gestão

Postado em 11.03.2022